sábado, 29 de março de 2008

Vida e morte indistintas

Vida e morte são indistintas, por toda nossa vida morte significa o desconhecido e exerce sua influência indiferente se pensamos nela ou não. Para aquilo que não sabemos dirigimos primeiro medo e ansiedade, pois é uma lembrança constante de que “EU” vou mudar. Entender a fluidez da vida demora, requer esforço contínuo, e é tão etéreo que palavras não descrevem esses curtos momentos de lucidez. Mas existem muitas pistas que podem ajudar nessa questão, uma deles são os avós. Pessoas que conhecemos por toda a vida, passados os anos, entendemos que eles não eram tão velhos como se imaginava. Porém, após algum tempo vemos a morte exercer de modo inevitável a vivência da questão que ela nos faz por toda a vida: “E então, como você percorreu o caminho?”. A parir daí, observamos como estes bondosos senhores e senhoras aproveitam tudo àquilo que buscaram para si nesses anos de trabalho, família, amores. Para nós, seus filhos e netos inicia-se um processo de coragem e humildade, pois podemos olhar nossos anciões da aldeia e aprender com seus erros e acertos, para que o líquido fluído da vida não estanque nas mesmas barreiras. Contudo, como nossos sentimentos por eles são muito fortes, tanto os agressivos como os amorosos, reagimos ao despertar para a não-existência com amor ou ódio, aprovação ou rejeição incondicionais, devido a nossos medos de desamor e finitude. Com isso, estamos fadados a ignorar o que podemos evoluir, para daqui alguns anos reviver da mesma forma tudo aquilo que consideramos “bom e mau”. Todavia, quando temos a força de compreender que “bom e mau” “vida e morte” não existem, poderemos por alguns momentos esquecer de “NÓS MESMOS”, e aproveitar essa carga enorme de energia que foi jogada em nosso caminho para olhar com novos olhos aquilo que já aconteceu, e o que estamos construindo para nosso futuro.

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